Do Pinóquio às fake news: mentira, boato, desinformação e infodemia

por | jun 14, 2021 | Variedades

Ilustração do nariz do Pinóquio bem crescido de tanto contar mentiras, falar fake news, disseminar notícias falsas.

Agora é assim, não é mesmo… todos os dias ficamos diante de uma superabundância de informação. Mas ela, toda falsiane, ganhou o seu lugar e conquistou espaço ainda em 2017, já que foi eleita a palavra do ano pelo dicionário Collins: FAKE NEWS!

O acesso às informações é facinho facinho, mas, em contrapartida, a indicação das fontes praticamente não existe mais. É raro encontrar uma orientação confiável de quem disse o quê, quando, onde e porquê.

Infelizmente muito disso se dá pela nossa má, ou inexistente, formação em educação midiática. Até o ano de 2019 esse assunto não fazia parte da base curricular das escolas públicas (e das privadas também).

Quando não sabemos como reagir, e nossas habilidades de ler, compreender e interpretar uma informação, vinda de um canal digital são falhas, muitos detalhes importantes são negligenciados e, as fake news acabam tomando espaço e são rapidamente compartilhadas, na maioria das vezes, por conterem um conteúdo escandaloso, que chama a atenção, mas que não tem a indicação da fonte do dado.

☠️ ATENÇÃO! Os conteúdos das fake news, no geral, possuem uma redação:

  •  Apelativa;
  •  Sensacionalista;
  •  Carregada de adjetivos;
  •  Chamativa.

É comum que as fake news sejam confundidas com outros gêneros textuais, como sátiras e paródias.

A aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) em 2018 incluiu a Educação Midiática e, refere-se a esta como sendo um conjunto de habilidades para acessar, analisar, criar e participar de maneira crítica do ambiente midiático em todos os seus formatos, dos impressos aos digitais

Com certeza com este tema em pauta nas salas de aula oportuniza-se uma ótima e grande área de combate contra a desinformação e as fake news.

Conforme consta na página da BNCC, na notícia: Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação no contexto escolar: possibilidades:

[…] incorporar as TDICs (tecnologias digitais da informação e comunicação) nas práticas pedagógicas e no currículo como objeto de aprendizagem requer atenção especial e não pode mais ser um fator negligenciado pelas escolas. É preciso repensar os projetos pedagógicos com o olhar de utilização das tecnologias e recursos digitais tanto como meio, ou seja, como apoio e suporte à implementação de metodologias ativas e à promoção de aprendizagens significativas, quanto como um fim, promovendo a democratização ao acesso e incluindo os estudantes no mundo digital. 

A partir de agora, exploramos os impactos que as notícias falsas têm no comportamento dos brasileiros e, também, como a infodemia interfere no bem-estar e causa fadiga mental. Vamos lá?! 

Checando os fatos: como o brasileiro se comporta na hora de consumir informações?

A Plataforma Gente, que pertence ao Grupo Globo, apresenta estudos e insights sobre a sociedade, o comportamento do consumidor e os hábitos dos brasileiros de forma recorrente. Separei, especialmente para você, o conteúdo de algumas divulgações feitas na plataforma que se relacionam ao tema da desinformação e infodemia.

Fazendo uso dos dados da recente pesquisa realizada pelo Tracking Sintonia com a Sociedade sobre o discurso de ódio nas mídias sociais, percebemos como a falta do entendimento do que é REAL E OFICIAL ao que é FAKE está presente diariamente nas nossas vidas e, como isso é prejudicial a nossa saúde.

Na imagem abaixo, é apresentado um trecho do infográfico com os resultados desta pesquisa, e vemos que nas respostas recorrentes ao tema das mídias sociais, elas são consideradas locais de ampla propagação de informações controversas, enganosas ou de fontes não confiáveis.

Ele aponta ainda que, 20% da população participante da pesquisa considera o ato de indicar um determinado conteúdo sem respaldo de fonte como censura, mas em contraponto 64% acredita que a sinalização do conteúdo como sendo uma fake news é uma atitude democrática. 

Infográfico ilustrando a temática postagens nas mídias sociais com informações controversas ou enganosas.

Fonte: Infográfico Discurso De Ódio E Os Limites Das Redes Sociais – Plataforma Gente

No texto Fake News em Disputa, temos a comparação desta polarização de informações falsas como sendo um imã: 

“[…] a divulgação de conteúdos de veracidade duvidosa ou falsa é capaz de mobilizar e manipular o público […]”

Outra passagem do texto que chama muito a atenção é a apresentação de informações em torno da monetização e lucratividade das fake news, sendo que, conforme a Folha de São Paulo, a receita publicitária mensal aproximada de alguns portais de fake news no Brasil chega a R$ 150 mil. 

No Dia do Jornalista, a Plataforma Gente apresentou vários depoimentos e também números referentes à disseminação das fake news e como os canais tradicionais do consumo de notícias ainda mantêm o respaldo e a confiança dos brasileiros. 

  • O Brasil é o líder mundial no uso do Whatsapp para consumo de notícias: 53% dos brasileiros dizem utilizar o app com essa finalidade. A média global é de apenas 16%, segundo dados do Relatório de Notícias Digitais, do Instituto Reuters.
  • Durante a pandemia do coronavírus, a sociedade mundial precisou combater não apenas um, mas dois vírus: a Covid-19 e as fake news. No Brasil, graças à credibilidade do jornalismo profissional e do trabalho de milhares de comunicadores, a TV se mantém como principal canal na busca de informações sobre as vacinas: 68% dos entrevistados afirmam utilizar esse canal como fonte primária de informação sobre o processo de vacinação. Os jornais tradicionais aparecem na sequência, citados por 60% dos respondentes. O terceiro lugar fica com as redes sociais (49%) e por último, mas não menos importante, vem o rádio (22%). 

E, para finalizarmos esta etapa de descoberta e conhecimento da situação atual do Brasil com relação ao consumo de conteúdos mentirosos, compartilho alguns dos resultados da pesquisa realizada pela DIMENSION, uma vertente da Kantar, chamada de A mídia e eu

O quanto você confia no compartilhamento de notícias e informações em diferentes mídias? 

A audiência da pesquisa relatou que confia mais nas notícias e informações que veem em meios consolidados do que nas mídias sociais. Os sites próprios das empresas também são mais confiáveis.

Gráfico demonstrando em porcentagem o "gap" de confiança (notícias e informações), resultados da pesquisa realizada pela DIMENSION.

Fonte: A MIDIA & EU – COMUNICAÇÃO | Impulsionando a reputação da marca em um mundo super segmentada – Plataforma Gente

Em quais das seguintes formas de compartilhamento de notícias e mídia você tende a confiar?

Gráfico demonstrando em porcentagem a lacuna de confiança (notícias e informações) por idade, resultados da pesquisa realizada pela DIMENSION.

Fonte: A MIDIA & EU – COMUNICAÇÃO | Impulsionando a reputação da marca em um mundo super segmentada – Plataforma Gente

O gráfico mostra a lacuna de confiança para os canais de mídia por idade. A espessura da linha está correlacionada com o tamanho da lacuna de confiança, enquanto seu posicionamento acima ou abaixo do eixo horizontal indica se a lacuna de confiança é positiva ou negativa.

Por exemplo, o gráfico mostra que pessoas de 18 a 34 anos têm uma diferença de confiança positiva de +25% para os jornais (ou seja, há 25% mais pessoas de 18 a 34 que confiam nos jornais do que desconfiam deles); enquanto entre idades de 45 a 64 anos há uma lacuna de confiança negativa de -30% para as mídias sociais.

Quais das seguintes opções você confia para se informar sobre marcas e serviços?

Sites e notícias são os canais de mídia mais confiáveis para informações sobre marcas.

Embora apenas 50% dos consumidores conectados afirmam acessar sites de notícias e informações para pesquisar sobre marcas e serviços, 38% dos entrevistados confiam nas informações que encontram neles (uma pontuação de confiança de 76).

Gráfico demonstrando os índices de confiança por marcas e serviços, resultados da pesquisa realizada pela DIMENSION.

Fonte: A MIDIA & EU – COMUNICAÇÃO | Impulsionando a reputação da marca em um mundo super segmentada – Plataforma Gente


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Por menos Pinóquios e mais Grilos Falantes

Muitos de nós fomos apresentados ao famoso personagem Pinóquio, criado em 1881 pelo escritor italiano Carlo Collodi, através de livros, desenhos e até filmes. 

O boneco que ganhou vida, escondia suas travessuras contando mentiras e, a cada uma delas, seu nariz crescia um pouco. Era acompanhado pelo Grilo Falante, que atuava como a sensatez, sua voz da consciência.

Em meio a tanta desinformação e mentiras propagadas diariamente, fica claro o quando ele se sentiria confortável nos dias atuais. É evidente a necessidade de haver menos Pinóquios, e muito mais Grilos Falantes presentes nas mídias. 

Atualmente possuímos acesso rápido a todos os tipos de informação, e desse fator surgiu a infodemia, ou seja, o aumento de notícias sobre determinado tema, algumas vezes sem a verificação da fonte e sua veracidade, promovidas por diversos meios de comunicação.

Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), a infodemia é considerada um fenômeno e, pode ser conceitualizada como:

“Um excesso de informações, algumas precisas e outras não, que tornam difícil encontrar fontes idôneas e orientações confiáveis quando se precisa. A palavra infodemia se refere a um grande aumento no volume de informações associadas a um assunto específico, que podem se multiplicar exponencialmente em pouco tempo devido a um evento específico, como a pandemia atual. Nessa situação, surgem rumores e desinformação, além da manipulação de informações com intenção duvidosa. Na era da informação, esse fenômeno é amplificado pelas redes sociais e se alastra mais rapidamente, como um vírus.” 

E, esses dados incorretos têm influenciado de maneira negativa a saúde mental de quem tenta permanecer informado. Notícias escandalosas tendem a aumentar os níveis de estresse, medo, ansiedade e pânico, alterando a forma de pensar e trazendo transtornos que poderiam ser evitados.

Em matéria publicada pelo jornal Extra, a neuropsicóloga Samara Ribeiro, especialista em transtornos neurocognitivos, traz que diversas áreas do nosso cérebro são ativadas quando recebemos uma informação nova, permitindo que ela seja melhor absorvida. A médica ainda afirmou, na entrevista, que:

“Frente ao contexto social que vivemos, notícias absurdas chamam mais atenção do que as corriqueiras, tanto pela forma de divulgação, quanto pelo comportamento da pessoa ao receber a notícia, que pode ser emotivo ou frustrante.”

Ainda nesse mesmo artigo, a neuropsicóloga Liane Orsi relatou que, ao sermos expostos a uma nova informação, o cérebro busca por memórias que deem sentido a ela, e esse fator ativa nossas emoções, entrando em nossa mente e impossibilitando a assimilação da veracidade de maneira rápida. 

A médica diz ainda, que “A notícia gera ansiedade que desencadeia o estado de alerta, aciona mecanismos instintivos e o rebaixamento da consciência, o que justifica o comportamento impulsivo de passar a frente.”

Também, a urgência em ter a própria opinião afirmada faz com que as pessoas tenham a tendência de distorcer os fatos que venham a ser contrários ao que pensam. Essa constatação é do psicólogo social Troy Campbell, da Universidade do Oregon, incorporada na reportagem Pesquisa tenta identificar ações cerebrais ligadas à crença em fake news, publicada pelo jornal Correio Braziliense.

Ei, ainda não vá embora! 💛💙 Você também pode gostar desses outros conteúdos:

A imagem ilustra uma embalagem, simbolizando as dicas takeaway sobre comunicação e marketing contidas na publicação. Além de um gráfico com flechas e sinais de visto, há outros elementos que remetem à comunicação (um megafone) e à ciência (moléculas e um frasco de Erlenmeyer).

Imagem de uma bomba sendo desarmada, ilustrando o fim da guerra entre fornecedor e cliente.

A imagem traz três símbolos, o do gênero feminino, o de igualdade e, o do gênero masculino. Representando, assim, o papel da masculinidade saudável na busca por equidade.

Três mosqueteiros ao centro com espadas nas mãos. Simbolizam a resiliência, a antifragilidade e, a empatia.

Um balão de pensamento branco com uma chave e abaixo dela cinco estrelas simbolizando a economia da reputação.

Autor

Coordenadora de Comunicação e Marketing na PrintWayy