Um problema chamado LIXO ELETRÔNICO

por | out 22, 2018 | Sustentabilidade e Meio Ambiente

lixo eletrônico

Como se as preocupações que já invadem a nossa cabeça não bastassem. Todos os dias novos problemas surgem e nos põem interrogações, vírgulas e até minhocas na cabeça. Mas, este probleminha, ou melhor, problemão, não vem de agora. O lixo eletrônico é um problema e uma preocupação global que vem sendo estudado há anos, e a busca pela conscientização do descarte correto e do consumo sustentável destes itens para que o planeta Terra não se afunde em meio a computadores, aparelhos celulares, chips ou baterias é ferrenha.

O lixo eletrônico, ou o e-lixo, também pode ser chamado de RAEE – Resíduos de Aparelhos Eletroeletrônicos.  

Exemplos de Lixo Eletrônico

  • Computadores;
  • Tablets;
  • Monitores;
  • Teclados;
  • Impressoras;
  • Câmeras fotográficas;
  • Aparelhos de som;
  • Lâmpadas eletrônicas;
  • Televisores;
    • Geladeira;
    • Microondas;
    • Rádios;
    • Telefones;
    • Carregadores;
    • Baterias;
    • Pilhas;
    • Fios;
    • Cabos.

O estudo mais prestigiado na área e com relevância mundial é o Global E-Waste Monitor – relatório internacional elaborado pela Universidade das Nações Unidas (UNU) em parceria com União Internacional das Telecomunicações (UIT) e a ISWA – International Solid Waste Association (Associação Internacional de Resíduos Sólidos).

O último relatório publicado foi o “Global E-Waste Monitor 2017”. A seguir veremos dados coletados e publicados pelo relatório. As informações assustam e nos fazem pensar como seres produtores e responsáveis por este lixo.

“O Global E-Waste Monitor serve como uma fonte valiosa para governos desenvolverem suas necessárias estratégias políticas, de gestão e padronização para reduzir os efeitos adversos do lixo eletrônico para a saúde e o meio ambiente”.

Houlin Zhao, secretário-geral da União Internacional de Telecomunicações (UIT).
→ Acesse, clicando aqui, o Global E-Waste Monitor 2017, edição completa em inglês.

4.500 torres Eiffel de lixo eletrônico

De acordo com publicação da revista Exame, segundo os dados do Global E-Waste Monitor 2017, a geração anual de lixo eletrônico passa de 40 milhões de toneladas. Acompanhe:

  • Em 2016, o mundo gerou 44,7 milhões de toneladas de lixo eletrônico. 3,3 milhões de toneladas (8%) a mais do que em 2014. O montante equivale ao peso de quase 4.500 torres Eiffel.
4.500 torres Eiffel de lixo eletrônico

Fonte: Global E-Waste Monitor 2017 – página 38.

A parte indigesta é que apenas 20% (ou 8,9 milhões de toneladas) do montante descartado foi reciclado. Se continuarmos nesse ritmo, a produção de “sucata pós-moderna” pode chegar a 52,2 milhões de toneladas em 2021.

Computadores, celulares e outros gadgets descartados como lixo são ricos depósitos de ouro, prata, cobre, platina entre outros materiais de valor. O estudo da ONU estima que todo o lixo eletrônico gerado em 2016 poderia gerar US$ 55 bilhões em valor de materiais reaproveitáveis.

Ao invés de serem reciclados, esses materiais acabam em lixões e aterros. Resíduos eletrônicos representam um risco alto e crescente para o meio ambiente.

Com 53,6% dos domicílios globais acessando a Internet, as legislações e políticas nacionais de lixo eletrônico têm importante papel em governar as ações dos atores envolvidos no tema.

Atualmente, 66% da população mundial, vivendo em 67 países, está coberta por leis nacionais de gestão do lixo eletrônico. Um aumento significativo frente aos 44% de 2014.

No Brasil a questão é abordada pela Política Nacional de Resíduos Sólidos. Conforme publicado na revista Galileu, a política de resíduos sólidos brasileira é considerada uma das mais avançadas do mundo, por se apoiar na responsabilidade compartilhada em que cada um dos envolvidos, do consumidor ao fabricante, são encarregados por uma parte da logística reversa.

Na mesma publicação, a revista Galileu, divulgou outros dados extraídos do relatório Global E-Waste Monitor 2017, sendo eles:

  • Cada um de nós produz, em média, 8,3 quilos de e-lixo por ano; só 3% segue para centros de reciclagem;
  • A estimativa é que, em média, sejam descartados 6,7 quilos de lixo eletrônico para cada habitante do nosso planeta;
  • O Brasil é o sétimo maior produtor do mundo de lixo eletrônico, com 1,5 mil toneladas por ano.

Como você pode ver, o Brasil é o sétimo maior produtor de lixo eletrônico do mundo. E pior que isto é que somos os líderes da produção de lixo eletrônico na América Latina, com 1,5 milhão de toneladas.

E, não é só isso, o estudo da ONU também informou que todos os países da América Latina juntos produziram 4,2 milhões de toneladas de lixo eletrônicos.  Sendo que o México ficou em segundo lugar, com 1 milhão de tonelada.

A via de curiosidade, o Global E-Waste Monitor 2017, indicou que os EUA produziram sozinhos 6,3 milhões de toneladas de lixo eletrônico.

O maior lixão eletrônico do mundo

Uma outra questão bem preocupante é o destino dado ao lixo eletrônico.  Em matéria nomeada Destino do lixo eletrônico vira um desafio planetário”  publicada pelo Jornal Nacional (assista a reportagem clicando no link) disponibiliza a informação da última pesquisa do Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento, que mostra que somente 724 cidades no Brasil têm algum tipo de coleta de lixo eletrônico.

E não somente o Brasil, como muitos outros países, que não dão o destino correto aos resíduos do lixo eletrônico, acabam exportando-o para outros países.

A exportação de lixo eletrônico é uma infelicidade. São tantos os danos causados e os prejuízos somados aos locais de destino, que diversos documentários abordam o tema.

Considerado um “cemitério de eletrônicos”, um vasto lixão na capital de Gana (África), Acra – na favela de Agbogbloshie, tem pequenas fogueiras que queimam componentes de velhos computadores, telas de TVs e laptops, lançando uma negra e espessa fumaça.

Esse, segundo publicação da BBC, é um e um dos locais mais poluídos do planeta.

Todo os anos centenas de milhares de toneladas (215 toneladas, aproximadamente) de lixo eletrônico vindos da Europa e da América do Norte encontram neste espaço seu destino final. No qual têm seus metais valiosos extirpados em uma forma rudimentar de reciclagem.

A população local de Acra vive abaixo da linha da pobreza. A sucata eletrônica torna-se um negócio lucrativo, mas que implica em sérios problemas de saúde, com grandes riscos de morte.

As toxinas do lixão (entre elas as mais tóxicas do mundo, que são o mercúrio, chumbo, cádmio e o arsênico) estão lentamente envenenando os trabalhadores locais, ao mesmo tempo em que poluem o solo e atmosfera.

A matéria da BBC ainda informa que ativistas de Gana confirmaram que boa parte do lixo eletrônico para lá enviado é ilegal e infligem as regras da União Europeia. Por isso, acredita-se que a maioria dos containers chegam por meio da importação legal de produtos de segunda mão, enviados para alimentar a crescente demanda por eletrônicos baratos em economias como a do país.

Agbogbloshie, em Gana, segundo a organização ambiental Blacksmith Institute, está entre os locais mais tóxicos do mundo.

O portal Motherborad, que investiga novidades, eventos e acontecimentos que afetarão os próximos anos, divulgou que o lixão de Agbogbloshie emprega 40.000 pessoas que ganham de US$1,00 a US$2,50 por dia pelo seu trabalho.

Documentários sobre a exportação do lixo e Agbogbloshie:

Toners e Cartuchos usados. Vou jogar fora no lixo!

Já falamos aqui no Blog da PrintWayy sobre a importância de dar o destino correto aos toners e cartuchos de tinta. Para saber mais clique aqui: 

Ilustração de uma lixeira e alguns toners e cartuchos sendo jogados dentro.

Tecmundo, em matéria sobre o Global E-Waste Monitor, detalhou mais informações sobre o descarte de toners de impressora. Veja:

“Só para ter uma ideia, os cartuchos de toners de impressora, que costumam ser jogados fora sem muita restrição, contêm um pó que libera gás metano ao entrar em contato com o fogo. Isso não somente agride a camada de ozônio do planeta como também pode causar problemas respiratórios — além de aumentar o risco de explosões. A tinta proveniente dos mesmos cartuchos contamina o solo e lençol freático, o que deixa o terreno estéril e a água imprópria para consumo.”

Caso a sua empresa não tenha uma política interna de descarte do lixo eletrônico (tanto para as impressoras, computadores e demais aparelhos, além dos cartuchos e toners) é uma atitude válida e com impacto positivo (não só para a empresa, mas para os clientes e todo o planeta), você providenciar uma e divulgá-la entre a sua comunidade.

Tecnologia brasileira recicla metais preciosos do lixo eletrônico

Conforme os sites CanalTech e Mega Curioso, pesquisadores do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer, de Campinas (São Paulo) desenvolveram uma tecnologia capaz de extrair metais preciosos do lixo eletrônico, para que sejam reciclados.

O projeto, que se chama Rematronic, começou em 2014, como parte do programa Ambientronic e combina diversos processos mecânicos capazes, inclusive, de separar o metal pesado existente em cada peça.

O Rematronic conta com investimentos de R$ 8 milhões do BNDES. Além da parceria com a Gestora de Resíduos Industriais (GRI).  Agora, a equipe trabalha em uma planta industrial piloto capaz de levar a tecnologia a uma escala maior, analisando, assim, sua viabilidade para o uso comercial.

São usados processos mecânicos, de hidrometalurgia e biometalurgia. A técnica é capaz de extrair e separar para reciclagem materiais como ouro, prata, cobre e paládio (presentes em placas de computadores e dispositivos móveis). Ainda, o processo permite o descarte de metais pesados presentes em tais componentes.

Além da reciclagem de placas de computador e chips de celulares, o projeto visa aproveitar seu know-how para criar soluções para outros tipos de resíduos eletrônicos, como pilhas e baterias, que também contaminam o meio-ambiente em descartes inadequados.

O programa do CTI Renato Archer conta com parcerias empresas e representantes da indústria no Brasil a fim de estabelecer normas para produção, descarte e reciclagem de equipamentos eletrônicos. A ideia é garantir que todos os envolvidos nesse processo sejam capacitados para reduzir o impacto ambiental do lixo eletrônico.

“Só quando a última árvore for derrubada, o último peixe for morto e o último rio for poluído é que o homem perceberá que não pode comer dinheiro.”

Provérbio Indígena

Não precisamos esperar chegar o dia do meio ambiente, o dia do planeta Terra ou qualquer outro que seja para falarmos sobre conscientização ambiental.

Autor

Coordenadora de Comunicação e Marketing na PrintWayy