O seu trabalho só existe por causa dele: Johannes Gutenberg

por | jul 16, 2018 | Variedades

Fotografia de Johannes Gutenberg, ao fundo algumas letras da prensa móvel.

Johannes Gutenberg foi o criador da prensa que deu o pontapé na indústria da impressão gráfica. E sim, é por causa dele que hoje você trabalha com impressão.

Um salve para Gutenberg! Dê um salve ou faça uma prece em agradecimento a este ser criativo que lhe deu esta oportunidade de trabalho.

Mas (suspense) você sabia que, há muito tempo antes de Gutemberg dar vida a sua prensa, já existia um processo semelhante? Um pouco mais rudimentar, mas existia. E, você também sabia que, a prensa de impressão foi inspirada nas prensas de uva (aquelas para a fabricação do vinho)?

Temos muito a conversar. Por isso te convido a fazer uma viagem ao tempo junto comigo. Vamos conhecer e entender um pouco mais sobre o grande rei da impressão gráfica.

A história da impressão gráfica e seus fatos curiosos  

Johannes Gutenberg nasceu em Mogúncia (atual Mainz), Alemanha, no ano de 1396 e faleceu em 1468, também em Mogúncia. Mas viveu em Estrasburgo (cidade fronteiriça entre Alemanha e França) por mais de vinte anos.

Gutenberg era um jovem curioso e criativo, cheio de novas ideias e projetos. Por isso em 1438, ele e mais três sócios formaram uma empresa para explorar essas e outras ideias.  

Há quem considere essa empresa como a primeira startup, pois ela explorava novas ideias, conceitos e metodologias. Inovava e não tinha medo de testar e errar.

Depois de um tempo, um dos sócios faleceu, e por causa de alguns problemas jurídicos a empresa se desfez.

Gutemberg voltou para Mogúncia e trabalhou como ourives. Profissão que aprendeu e o sustentava, moldava metais e passava muito tempo em oficinas.

Em paralelo ao seu emprego, Gutenberg, começou a dar vida a uma de suas ideias. Um projeto ambicioso, que precisava de ajuda financeira para se realizar e que marcaria a época como uma das invenções mais tecnológicas e importantes para a humanidade.

O engenhoso alemão conheceu duas pessoas que foram fundamentais para dar vida à prensa de impressão. Johann Fust, um rico joalheiro e o escriba (profissional que escrevia manuscritos e  cartas, além de textos ditados por outras pessoas) Peter Schoeffer.

O joalheiro financiou o projeto e arcou com todos os custos (acreditando no projeto e nos lucros que ele poderia lhe dar no futuro). Já, o escriba colaborou com a sua arte e conhecimento na área da escrita e tipografia.

Por isso, Johann Fust e Peter Schoeffer podem ser considerados coautores da prensa de impressão.

Era meados de 1455, quando Gutenberg finalizou a construção de seu projeto e o testou. Ele pegou em sua mão uma espécie de livro impresso com a técnica dos tipos móveis (tipos – letras e símbolos, colocados numa tábua de impressão).

A Bíblia foi a primeira obra a ser impressa, contendo 1.282 páginas. Com um pensamento mais comercial, Gutenberg e os coautores dividiram a Bíblia em dois volumes, e todas as edições impressas foram vendidas.  

Foram aproximadamente 180 exemplares, sendo 135 em papel e 45 em pergaminho, cada um composto por dois volumes com 42 linhas e 2 colunas em cada página, tudo em letras góticas e em Latim.  As letras maiúsculas e os títulos foram ornamentados à mão e coloridos, trabalho feito pelo escriba Peter Schoeffer.

Imagens da Bíblia impressa por Gutemberg em sua prensa:

(imagens da internet – exemplares mantidos em museus)

 

Imagem da Bíblia de Gutemberg.

Imagem da Bíblia de Gutemberg.
Imagem da Bíblia de Gutemberg.

Imagem da Bíblia de Gutemberg.

Outras obras da literatura clássica da época foram impressas e comercializadas. Hoje, uma dessas Bíblias está na Biblioteca Nacional de Paris e outra está na New York Public Library.

Passados alguns anos, em 1455, o financiador da prensa, o joalheiro Johann Fust, processou Gutemberg solicitando que ele devolvesse o valor aplicado por ele em seu projeto.

Sem ter recursos financeiros para pagar, Gutenberg teve que entregar todo o seu material de impressão e a própria gráfica ao joalheiro. Mas, já com a experiência em mãos, o astuto Johannes organizou seu trabalho e começou a imprimir mais Bíblias, dessa vez com uma diagramação diferente.

O escriba, Peter Schoeffer, editou o “Saltério”, livro com os 150 salmos da Bíblia. Nessa mesma época, ele imprimiu um dicionário.

Gutenberg ficou com o mérito pela invenção e por ter introduzido na Europa o primeiro sistema de impressão em massa. O impacto da prensa de Gutenberg impulsionou a democratização da imprensa, seu crescimento e evolução.

A invenção permaneceu inalterada até o século XX. Somente no ano de 1904, a técnica da litografia surge e o mundo da impressão atinge seu auge com o desenvolvimento da impressão offset.

Gutenberg foi nomeado homem da corte pelo príncipe da Mogúncia, o conde Adolfo de Nassau, e recebeu uma pensão para seu sustento.

Johannes Gutenberg é a principal figura histórica responsável pela invenção da impressão e, consequentemente, pela difusão do trabalho do gráfico – profissão homenageada e lembrada sempre na data de 07 de fevereiro (a data foi criada no ano de 1923 em razão de uma greve ocorrida na época entre os profissionais gráficos).

Veja aqui, a nossa homenagem à data e aos profissionais representados por Gutenberg.

Imagem de homenagem da PrintWayy ao dia do Gráfico.

“Imprensa é um exército de 26 soldados de chumbo com o qual se pode conquistar o mundo.” Johannes Gutenberg | 07.02 Dia do Gráfico – parabéns à todos profissionais que comandam exércitos de impressoras! #DiadoGráfico #OutsourcingDeImpressão #printwayy

Curiosidade 1 – Gutenberg evoluiu uma técnica muito mais antiga que ele

De acordo com o site mundo estranho a invenção de Gutenberg, permitiu a impressão em massa de livros – que antes eram escritos à mão – começando uma revolução na Europa. A técnica era inovadora, mas não foi a pioneira.

Desde o século VII, calendários e livros sagrados já eram impressos pelos chineses – que utilizavam cerca de 400 mil ideogramas talhados em madeira.

Antes da invenção de Gutenberg cada cópia de livro exigia um escriba – que escrevia tudo à mão, página por página.

Em 1424, por exemplo, a Universidade de Cambridge, no Reino Unido, possuía apenas 122 livros. E o preço de cada um era equivalente ao de uma fazenda ou vinícola.

Mas Gutenberg criou tipos móveis mais resistentes, que podiam ser reutilizados em outros trabalhos impressos. Assim, os livros deixaram de ser uma exclusividade dos nobres e do clero.

Até 1489, já havia prensas como a dele na Itália, França, Espanha, Holanda, Inglaterra e Dinamarca. Em 1500, cerca de 15 milhões de livros já tinham sido impressos. Transformando assim, a cultura ocidental para sempre.

Curiosidade 2 – O processo criativo de Gutenberg

Steven Johnson, em seu livro, De onde vêm as boas ideias, faz menção a grandes ideias e invenções e como cada um delas foi gerada. O processo criativo para cada invenção pode ser único ou se dar pela junção de várias características.

Steven cita a prensa de Gutenberg e como ele foi capaz de projetar e desenvolver esta invenção. De acordo com o autor, Gutenberg passou pelo processo de exaptação.

Em algum momento por volta de 1440, Gutenberg começou a tentar melhorar o projeto da prensa de vinho. Mas não porque estivesse interessado em vinho, eram as palavras que o interessavam.

A prensa de Gutenberg foi uma invenção combinatória, mais uma bricolagem que inovação. Todos elementos essenciais que fizeram dela uma máquina tão transformadora – o tipo móvel, a tinta, o papel e a própria prensa – haviam sido desenvolvidos separadamente.  

Graças a sua experiência como ourives, Gutenberg introduziu algumas modificações brilhantes na metalurgia subjacente ao tipo móvel; sem a própria prensa, contudo, suas meticulosas fontes de chumbo teriam sido inúteis.

Parte importante na genialidade de Gutenberg, portanto, não está em conceber uma tecnologia inteiramente nova. Mas em tomar emprestada uma tecnologia madura de um campo inteiramente diferente e usá-la para resolver um problema de outra natureza.

A revolução radical que operou se baseou antes na onipresença da prensa de parafuso na cultura de fabricação de vinho e em sua própria capacidade de ir além de seu campo específico de conhecimento e inventar novos usos para uma tecnologia mais antiga.

Gutenberg pegou uma máquina destinada a embriagar pessoas e transformou-a numa máquina para a comunicação em massa.

Como funcionava a prensa?

Fonte: mundo estranho

LETRA POR LETRA

Cada página era montada com centenas de caracteres, organizados manualmente.

TRABALHO MANUAL

Os compositores organizavam as letras para formar as palavras em uma linha de texto. Depois, em uma forma, juntavam as linhas – que se transformavam em colunas e, por fim, em uma página inteira.

TIPOS MÓVEIS

Eram fabricados em placas de metal duro, as chamadas matrizes. Elas serviam de moldes para fundir quantos caracteres fossem necessários para compor uma página.

TINTA NA LETRA

Na época, o pigmento era à base de água e não oferecia uma boa aderência na hora da prensagem. Para a sua prensa, Gutenberg usou uma tinta composta de óleo de linhaça e negro-de-fumo, que marcava o papel e não borrava. Ela era aplicada nos tipos móveis com uma trouxa de pano.

A IMPRESSÃO

A forma ficava sobre uma pedra de mármore e a prensa era movimentada por uma barra, que movia a rosca e o prelo. O papel ou o pergaminho ficavam em cima dos caracteres, sob os quais eram prensados por um prato de platina, ganhando o aspecto de uma página.

PRENSANDO

Como o prato de platina era pequeno, as colunas da mesma página eram impressas separadamente – o que exigia que o prelo fosse acionado duas vezes. Uma folha de feltro era colocada entre a página e a platina para melhorar o resultado da impressão.

PRODUTO FINAL

A primeira página era analisada e, com a aprovação, outras cópias eram feitas. Depois, os caracteres eram retirados da forma e reorganizados para a impressão das demais páginas.

O PAPEL

O papel foi fundamental para a impressão dar certo. Antes dele, só o pergaminho e o velino proporcionavam boa absorção da tinta. Eles, porém, eram caros. O papel já vinha da China através da Arábia havia 200 anos, mas foi só no século XV que seu uso se generalizou.

O assunto da prensa de Gutenberg e a história da criação da impressão gráfica é tão rica e fascinante que existem vários vídeos curtos e documentários.

Segue abaixo uma pequena seleção deste material:

  • Documentário:  Gutenberg e a máquina que nos criou

  • Imprimindo História | Nerdologia: Como a prensa de Gutenberg mudou o mundo

Autor

Coordenadora de Comunicação e Marketing na PrintWayy