De acordo com a Fundação Dorina Nowill para Cegos (organização sem fins lucrativos e de caráter filantrópico) do total da população brasileira, 23,9% (45,6 milhões de pessoas) declararam ter algum tipo de deficiência. Entre as deficiências declaradas, a mais comum foi a visual, atingindo 3,5% da população.
Segundo dados do IBGE de 2010, no Brasil, das mais de 6,5 milhões de pessoas com alguma deficiência visual: 528.624 pessoas são incapazes de enxergar.
Conforme publicado no site da fundação, o World Report on Disability 2010 e do Vision 2020 estimou que, até 2020, o número de pessoas com deficiência visual poderá dobrar no mundo.
Dentro deste cenário, existe a educação especial que deve ser dada aos deficientes visuais, sendo este um grande problema. Os professores, em sua maioria, não estão preparados para atendê-los dentro das turmas regulares, e as escolas também possuem pouca ou nenhuma estrutura para recebê-los.
É claro que existem impressoras feitas para a impressão em braile, mas com alto custo de aquisição, as escolas e instituições não conseguem mantê-las e por isso não disponibilizam o devido material didático aos alunos com deficiência.
Mas, apesar de toda esta adversidade, existem pessoas que se preocupam com este problema e buscam resolvê-lo de forma inovador e revolucionário.
Vamos ver agora 5 casos que inspiram e que transformaram a impressão em braile.
Caso 1 – Impressora Braile feita com lego
Shubham Banerjee, de apenas 13 anos, chocado ao saber que uma impressora braile custa cerca de US$ 2.000, utilizou suas peças de Lego para criar uma opção econômica.
Tudo começou quando a mãe de Shubham vetou sua primeira ideia de projeto para a feira de ciências — um experimento que envolvia luzes coloridas e o crescimento das plantas — dizendo que ele era capaz de fazer algo melhor.
Na ocasião, o garoto encontrou um folheto solicitando doações para os cegos e, intrigado com suas dificuldades de aprendizado, procurou entender melhor sobre o assunto.
“Pesquisei no Google: ‘como as pessoas cegas leem’ e descobri as impressoras braile e quanto custam”, disse Shubham, chocado com o alto custo do equipamento no mercado.
Quando ele e um amigo fecharam os olhos para tentar desbravar o mundo como se fossem cegos, começaram a pensar em uma maneira de ajudá-los. “Não conseguimos andar mais do que cinco segundos sem pensar que havia um poste à nossa frente”, disse.
Shubham começou a trabalhar para construir uma impressora braile melhor e mais econômica, usando um material improvável: Lego MindstormsEV3.
“Achei que eles não deveriam pagar mais de US$ 1.000 para conseguirem se alfabetizar.”
Após sete tentativas frustradas de adaptação das peças do Lego para criar os furos necessários, ele conseguiu um grande avanço: o Braigo.
A primeira versão da impressora foi criada em janeiro de 2014 com um kit Lego Mindstorms EV3, microprocessador, motores elétricos, sensores ao custo de cerca de US$ 350 (cerca de R$ 905).
A startup recebeu financiamento da Intel Capital para patentear e comercializar o produto desenvolvido durante as férias de verão. Shubham esteve presente na oitava edição da Campus Party, em São Paulo, e seu desejo é continuar estudando e se formar em engenharia.
Veja Shubham apresentando e explicando como a sua invenção funciona:
Fonte: Sebrae – Jovem cria uma impressora braille com Lego
Caso 2 – Estudantes criam Impressora Braile que funciona por comando de voz
Um projeto desenvolvido pelos alunos Josiane Giannechini, 21 anos, e João Lessa, 22, juntamente do professor Rodrigo Barreto, 34, no curso técnico de informática da QI em Viamão- RS promete ajudar muita gente.
Eles criaram uma impressora em braile que é acionada por voz, através de um aplicativo que utiliza a tecnologia Android. E não é só isso: pode ser montado por menos de R$ 300,00. Na comparação com as impressoras convencionais (que precisam da punção e da reglete, além de alguém habituado a essas ferramentas para funcionar), o valor dela é, no mínimo, 10 vezes menor. As impressoras disponíveis no mercado têm preços que podem chegar a R$ 20 mil.
A grande sacada do trio foi olhar para uma realidade que estava na mesma sala deles. O colega, Claiton Ramos, 23, é deficiente visual. Durante a cadeira que estuda o sistema operacional Android, resolveram criar um aplicativo que tivesse alguma utilidade para esse colega. Fizeram reuniões e, aos poucos, o projeto ganhou forma. “A ideia era que a gente pudesse ajudar nosso colega deficiente visual. Mas não sabíamos como a gente ia fazer isso”, relembra Josiane.
Realizaram algumas reuniões e discutiram muitas ideias até decidirem pela impressora e o aplicativo. Quando precisaram de um telefone com a tecnologia Android, tiveram o apoio da professora Andressa Dellay Agra e dos demais alunos da unidade Viamão. “Todos os alunos participaram dessa arrecadação”, comemora Josiane.
O professor Rodrigo explica que grande parte dos deficientes visuais consegue ler em braile, mas apenas uma pequena parcela foi instruída para escrever utilizando a punção e a reglete. Ele revela que Claiton passou por uma escola que contava com uma impressora de quase 20 mil reais, mas que não tinha ninguém capacitado para operá-la. “Então, a alternativa dele simplesmente falar com o aplicativo e transformar isso em texto para a impressora nos pareceu a mais viável”, completa Rodrigo.
Para provar o valor dessa ideia inovadora, a impressora em braile, apesar de ainda se tratar de um protótipo, ganhou reconhecimento. O projeto rendeu quatro prêmios em sua primeira competição, a Mostratec.
“A gente não tinha noção do tamanho que isso ia acabar se tornando”, conta Josiane. Além do 1º lugar na categoria Ciências da Computação, conquistaram o prêmio Inovação Tecnológica, Rodrigo venceu na categoria “Professor Orientador Destaque” e Josiane foi “Destaque Feminina”.
Para o término do projeto, explicam, foi necessário conhecimento em áreas além das que o curso abrange. O conhecimento básico em eletrônica que alguns tinham, por exemplo, precisou ser aprofundado. Mas tudo isso é celebrado pelos dois. “Acho que isso é o legal da pesquisa: a ideia não é tu fazeres um trabalho bom em cima daquilo que tu conheces, é tu te desafiares, ir atrás de conhecimentos que tu não tens e conseguir aliar aquilo que tu conheces com aquilo que estás descobrindo. A gente vai aprendendo ao longo do projeto”, valoriza Rodrigo.
A impressora foi destaque no programa Como Será da Rede Globo. Você pode assistir clicando no link que segue: Estudantes criam Impressora Braile que baixo funciona por comando de voz .
Fonte: Jornal do Comércio – Estudantes criam impressora em braile de baixo custo
Caso 3 – Alunos criam Impressora em braile com latas de alumínio e papelão
Estudantes do curso de informática do Instituto Federal do Tocantins, no campus de Araguaína, no norte do estado criaram uma impressora em braile. O objeto feito com latas de alumínio e papelão foi campeão em uma competição na Campus Party de Brasília, evento de tecnologia que reúne jovens do mundo todo.
“O conceito é basicamente fazer ela ficar mais acessível para o público geral. A impressora em braile costuma ser muito cara e o consumidor final não consegue acessá-la”, diz o estudante Raul Myron.
“Foi muito puxado, mas como a gente estava em grupo tudo ajuda. A tecnologia está a nosso favor e a gente pode trazer isso para a realidade”, diz o estudante Janio Souza Júnior.
“Não gasta R$ 15 de peça. Então eles vão procurar empresas que estão descartando motores para tentar reaproveitar e fazer alguma ideia inovadora”, diz o professor de tecnologia da informação. Alexandre Cotrin.
“A ideia é tornar isso real e barato para qualquer pessoa. Além de apresentar o projeto para outras instituições”, defende Júnior.
Fonte: G1.com – Estudantes criam impressora em braile com latas de alumínio e papelão
Caso 4 – Impressora 3D ajuda cegos a “ver” monumentos
Observar a Catedral Metropolitana de Brasília é comum para quem vive ou visita a capital. Mas e para os deficientes visuais? É possível imaginar as formas do monumento do arquiteto Oscar Niemeyer? Pensando nisso, três estudantes do Instituto Federal de Brasília (IFB), em Taguatinga, montaram uma impressora 3D e imprimiram monumentos, obras de arte e esculturas para auxiliar no aprendizado de deficientes visuais.
Dois professores da instituição queriam trabalhar o ensino de artes visuais para cegos, mas a verba para comprar uma impressora 3D não era o suficiente. Um equipamento novo chega a R$ 16 mil. O grupo montou, então, um semelhante por R$ 2 mil, segundo o estudante do Instituto Jailson Rodrigues, 32 anos.
“Foi um grande desafio. Começamos do zero e não sabíamos nada. Nem como montar, nem como calibrar. Imprimimos muita coisa errada. E aprendemos braile também”, lembra Victor Silva, de apenas 17 anos, que estuda eletromecânica e participou do processo de montagem da impressora por 2 anos e meio.
O grupo conta que o mais gratificante foi imprimir as obras e mostrar aos alunos cegos. “A gente foi uma vez na Biblioteca de Braile de Taguatinga e foi muito interessante ver eles tateando as peças e dando a impressão deles. Um me disse que achava que a Catedral era uma arquitetura antiga e ficou impressionado em descobrir que não”, relembra Abel Araújo, 21 anos. “Um me disse que a Mona Lisa é feia após tocar no rosto dela. Acho que todos pensamos isso e não temos coragem de dizer”, completou Jailson, rindo.
“O que me deixa surpresa é que os três têm idades bem diferentes e se uniram para proporcionar para as pessoas que têm uma limitação algo único”, destacou a pró-reitora de Pesquisa e Extensão da instituição, Luciana Matsukado.
O grupo apresentou o projeto, intitulado InserFab, no Campus Future, área da Campus Party, maior feira de tecnologia pela primeira vez em Brasília. O espaço permite a divulgação de projetos acadêmicos de estudantes universitários que se destacam pela utilização de tecnologia, criatividade e que apresentam projetos com impacto social relevante.
Fonte: Correio Braziliense – Alunos criam impressora 3D para ajudar cegos a “ver” monumentos da capital
Caso 5 – Tabuleiro de xadrez em braile impresso em 3D
Um grupo de jovens inovadores da Argentina projetou um tabuleiro de xadrez impresso que é servido para pessoas com deficiências visuais. O conjunto de xadrez tátil, que tem braile incorporado, foi dado ao Instituto Elizalde para cegos na Argentina.
O grupo por trás do jogo de xadrez 3D impresso é do centro cultural e educacional “Tecnoteca” em Villa María, uma cidade na província argentina de Córdoba. A iniciativa de projetar um jogo de xadrez braile começou depois que o centro Tecnoteca foi convidado pela cidade para criar uma série de pôsteres braile para colocar em banheiros.
De acordo com o diretor da Tecnoteca, Ariel Vottero, foi durante esse projeto que perceberam os potenciais de usar a impressão em 3D para ajudar os deficientes visuais. “Nessa reunião percebemos que poderíamos imprimir cartazes usando o programa de design Tinkercad com um custo dez vezes menor”, disse ele.
Quando perguntado se poderia dedicar um workshop para ajudar um grupo de crianças cegas que queriam participar do Clube Municipal de Xadrez, o centro da Technoteca estava à altura do desafio e sabia que a impressão 3D teria um papel importante.
Para fazer o tabuleiro de xadrez impresso em 3D, o grupo usou softwares open-source e modelos 3D que eles foram capazes de adaptar para um jogador com deficiência visual. A equipe incluiu Emmanuel Allasia, que estava encarregado do projeto, Marcelo Ghezzi, que estava conduzindo a assembléia, e dois alunos da sexta série de uma escola local.
O jogo de xadrez 3D impresso, que levou cerca de um mês para completar, integra uma tábua táctil com os azulejos escuros levantados ligeiramente mais alto do que os azulejos brancos; Peças com cavilhas em sua parte inferior que se encaixam em buracos nas telhas; E bordas ao redor da placa que são marcadas com braille para indicar as colunas e linhas.
As peças são diferenciadas, pois a equipe da Tecnoteca usou um design um pouco mais nítido para o conjunto de peças escuras, enquanto as peças brancas da equipe são o que é descrito como um estilo “roma”. Ainda assim, ambos os conjuntos de peças têm as inconfundíveis formas medievais de um tabuleiro de xadrez clássico.
Como mencionado, o tabuleiro de xadrez já foi dado ao Instituto Elizalde, onde será usado para ajudar a ensinar crianças cegas o fabuloso jogo de xadrez. A equipe por trás do conjunto impresso em 3D está agora trabalhando em uma versão mais recente do projeto que integra um módulo de áudio e uma placa falante que ajudará crianças com deficiência visual simultaneamente aprender sobre ciências da computação e robótica.
Fonte: Impressão 3D Printer – Tabuleiro de xadrez em braile impresso em 3D
Será que temos uma demanda não atendida?
Pensando a nível dos serviços prestados pelo outsourcing de impressão, será que temos uma demanda não atendida?
A impressão em braile pode ser uma porta de entrada para novos negócios e para solucionar esta deficiência do mercado que, como já vimos, tem público.
Crie, inove e mude o mundo você mesmo!
“A inovação sempre significa um risco. Qualquer atividade econômica é de alto risco e não inovar é muito mais arriscado do que construir o futuro.”
Peter Drucker